Caroline Bergeron, encenadora, formada em Belas Artes, com dez anos de experiência em formas animadas no Tof Théâtre (Bélgica), decidiu voltar ao seu primeiro amor e lançar-se num duplo desafio: criar um espectáculo com conteúdo político adaptado à pequena infância (dos 3 aos 5 anos) e experimentar, para além das técnicas da marioneta e do vídeo, linguagens visuais ainda pouco utilizadas no seu repertório: a luz e a sombra.
Subterraneamente elaborado a partir de 5 dos 7 pecados mortais, o espetáculo, sem palavras, será composto por 5 fábulas que criticarão com humor algumas manias da nossa sociedade: a obsessão pelo poder, pelo dinheiro, pela competição e transformarão 2 pecados em virtudes: a gula e a preguiça.
Deseja-se confortar os pequenos num talento inerente à sua idade: a incompreensão saudável dos vícios mais comuns no mundo nos adultos. Assim, começa-se já a criar pequenos revolucionários que terão como tarefa lembrar-nos dos elementos que tornam a vida preciosa: o tempo, o prazer e os abraços.
Tenho que confessar que até há pouco, eu achava o teatro para os pequenos uma necessidade dos pais que ainda estão nas “primeiras vezes” dos seus filhos. Um tempo que foi abençoado também para mim durante a minha carreira de mãe, mas que não me parecia necessário do ponto de vista da criança para quem “o mundo é ainda um espectáculo”.
Após vários eventos que me lembraram do período intenso de vacinas nos primeiros anos de vida, surgiram associações de ideias retorcidas e “epifânicas”, que me fizeram olhar para o teatro como uma vacina cultural. Uma vacina contra as propostas artísticas de pouca qualidade às quais as crianças estão expostas sem sair de casa ou até sem sair da escola desde a mais tenra idade. Uma vacina, também, contra todo o tipo de segregação, de determinismo de género, de sectarismo económico. Eles já estão a ser impregnados (embora ainda não se traduza em palavras ou em atitudes) por visões do mundo desprovidas de abertura de espírito.
Então, continuando na minha fantasia de querer mudar o mundo, imaginei estas 5 fábulas na esperança de, para além de proporcionar um prazer teatral partilhado entre adultos e crianças, contribuir para criar, nuns e noutros, uma imunidade cultural e política.
Caroline Bergeron
ORGULHO
O Senhor Grande é muito mais alto do que o seu amigo Senhor Takashi mas quer crescer ainda mais pois precisa de ser mesmo o mais alto do mundo! Ele vai conseguir, mas Miss Daisy e a Senhora Coelho vão refilar, pois o amigo deles torna-se tão alto que fica fora do alcance de um abraço.
AVAREZA
Miss Daisy e a Senhora Coelho cruzam-se depois com o Senhor Grande que quis tantas coisas que teve de crescer ainda mais para conseguir proteger tudo o que era dele.
Só que o Senhor Grande, apesar de ser gigante, começa a chorar e tremer a cada vez que elas tentam aproximar-se das posses dele. As irmãs vão tentar desvendar o mistério e experimentar tirar do monte o elemento mais pequeno (para não o traumatizar!) que elas possam encontrar só para ver o que acontece…
INVEJA
O Senhor Takashi acaba por ter inveja do Senhor Grande que se tornou muito mais alto e tem muito mais coisas do que ele. Tem inveja tanto que inventa estratagemas para tentar derrubá-lo. Vai acabar por descobrir algumas vantagens inesperadas em ter o tamanho que tem…
GULA
O Senhor Takashi partilha um delicioso morango com Miss Daisy e a Senhora Coelho… Enquanto que o Senhor Grande nunca fica satisfeito com a parte que lhe é dada.
PREGUIÇA
Com a ajuda dos amigos. o Senhor Grande vai conseguir desistir de ser o maior em tudo para se poder juntar a eles e usufruir da vida nas espreguiçadeiras.
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